O Porto de Desterro

    

        O Porto era a entrada para o mundo de Desterro. Foram vários os artistas que o retrataram. Analise as pinturas abaixo e identifique o que se destaca nas obras. A própria tela de fundo desta página também o representa. Em seguida, busque pelo local aonde estaria localizado o porto.

Vista da antiga cidade de Desterro, 1868. De Joseph Bruggemann.

Fonte: CORRÊA, Carlos Humberto. História de Florianópolis – Ilustrada. Florianópolis: Editora Insular, 2004. p. 201.

Laguna vista do Hospital, 1827. De Jean- Baptiste Debret


Fonte: BANDEIRA, Julio; LAGO, Pedro Corrêa. Debret e o Brasil: obra completa, 1816-1831. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2013. p. 302.

O porto era um local estratégico para o comércio da Ilha de Santa Catarina, mas também para o abastecimento de embarcações que seguiam viagens para o Sul do território americano. Leia qual a avaliação do Conselho Ultramarino Português no século XVIII da Ilha e de seu porto:

“He muito celebre e famosa a Ilha de Santa Catharina, por ser a mayor, e a melhor, que há em toda a Costa Sul do Rio de Janeiro, e do Brazil, não só por razão de sua grandeza, que occupa quazi dez legoas de comprimento, e trez de largura, mas pela sua situação, e comodidade, que a fazem apetecida de todas as nações, que navegão aquelles mares, por se achar tão visinha a Terra firme, e com Bahias tão cômodas para abrigo, e cômodo dos navios, que estando ancorados, nos seus portos, estão livres dos insultos das tormentas e tempestades. Alem de todas estas comodidades, achão nella os navegantes abundancia de excelentes madeiras para consertarem as suas embarcações, como também o refresco de agoa admiravel para fazerem aguadas, muita abundancia de peixe, e outras fructas da terra: por estas grandes conveniências he muy freqüentada dos navegantes, que cruzão o Mar do Sul, que todos fazem escala nessa Ilha, para esperarem monção para passarem da América a Europa, e da América ao Mar do Sul das Índias de Espanha, e já nos seus portos (onde sempre estão navios) invernarão muitas armadas. Poderão-se as conveniências de se povoar esta Ilha. Fortificando-se esta Ilha, será logo brevemente povoada em forma, como também a terra firme, que fica na sua vizinhança, por haver assim na terra, como na Ilha comodidades para se fazerem grandes fazendas com gados, engenhos de farinha e assucar.”

 Fonte: SANTOS, André Luiz. Do Mar ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. p. 233

 

Além do comércio, era por este local que chegavam africanos e afrodescendentes de outras províncias para trabalhar como escravizados em Desterro. Muitos destes passavam a trabalhar no porto uma vez instalados na região, abastecendo os navios que por ali passavam para seguir viagem.

O pintor francês Jean-Baptiste Debret retratou a movimentação no porto do Rio de Janeiro, no período em que lá viveu. Observe as pinturas abaixo e reflita: quem aparece trabalhando no porto? Que tipo de trabalhos eram realizados?

Uma tarde na praça do Palácio, 1826. De Jean-Baptiste Debret


Fonte: BANDEIRA, Julio; LAGO, Pedro Corrêa. Debret e o Brasil: obra completa, 1816-1831. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2013. p. 173.

Angu da Quitandeira, 1826. De Jean-Baptiste Debret


 Fonte: BANDEIRA, Julio; LAGO, Pedro Corrêa. Debret e o Brasil: obra completa, 1816-1831. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2013. p. 197.

 

Desembarque de Telhas, 1823. De Jean-Baptiste Debret

Fonte: BANDEIRA, Julio; LAGO, Pedro Corrêa. Debret e o Brasil: obra completa, 1816-1831. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2013. p. 218.

É possível que o porto de Desterro também tivesse alguma movimentação parecida. Consegue imaginar Augusto, Francisco, Antonio e Manoel andando pelo local contando suas histórias? Crie um diálogo entre eles, apontando quais seriam suas possíveis impressões do lugar ou até mesmo sobre seu cotidiano.

Assim, o Porto era a conexão de Desterro com o mundo atlântico: por ali chegavam e saíam pessoas de diferentes origens, costumes e culturas. Talvez fosse naquele cenário, que os recém-chegados africanos começassem a construir vínculos de solidariedade entre si e criar estratégias para melhor viver em uma sociedade escravista.

Estas pistas sobre o Porto de Desterro podem te auxiliar a construir sua narrativa, dando mais significado às histórias de seus protagonistas.

 

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